
AILSON VIEIRA DOS SANTOS
Se o torneio for avaliado como oportunidade econômica e social, e não apenas mais um evento a ser organizado, há uma real chance de reduzir carências nacionais e inserir o país na rota dos grandes destinos turísticos do mundo.
Infelizmente, há motivos para acreditar que isso pode se perder. Basta ver o que ocorreu no último grande evento esportivo organizado no Brasil, “Os Jogos Pan-Americanos”, no Rio de Janeiro. Pode-se argumentar que os jogos Pan-Americanos têm características diferentes das de uma Copa. Mas, também existem exemplos bons e ruins em Mundias recentes, que podem servir de aprendizado para o Brasil.
Em 1998, a França queria vender ao mundo a imagem de um país aberto e multicultural. Houve sucesso, até porque os franceses foram campeões com jogadores de várias nacionalidades diferentes. Além da imagem do país, a Copa consolidou a infra-estrutura turística da França.
Quatro anos depois, em 2002, ocorreu o oposto. Japão e Coréia do Sul estavam mais preocupados em superar um ao outro, e gastaram muito mais que o normal em estádios faraônicos. No final das contas, essa disputa ofuscou qualquer tentativa de realizar um projeto adequado para as necessidades das nações, incluindo turismo e outros fatores não futebolísticos.
O Brasil precisa aprender com os dois casos. Assim, identificará quais setores seriam mais beneficiados pela Copa do Mundo e poderá trabalhar para que o evento se volte a eles.
Em 2006, o Mundial, sozinho, fez o PIB da Alemanha aumentar em torno de 0,25%. Aí já se vê como receber grandes eventos pode ser muito bom para um país.
É com esse exemplo que o Brasil tem que se espelhar, para organização e realização de sua Copa do Mundo em 2014.
Fica evidente que o Brasil tem, em teoria, condições de realizar uma Copa do Mundo. Mas precisa respeitar uma diretriz: realizar um projeto adequado á realidade e às necessidades brasileiras. Assim, o orçamento ficaria em desenvolvimento e ainda poderia trazer retorno, como benefícios diretos e indiretos.
O problema é que, até agora, não se vê isso. Elaborar um projeto para a Copa do Mundo exige esforços conjuntos de todos os setores da sociedade.
Já estamos em cima da hora, e para fazer um projeto sério, é preciso começar logo. Não se pode deixar que o atraso, seja apenas um pretexto, para justificar soluções improvisadas ou contratar obras e serviços públicos sem licitação – como aconteceu nos jogos Pan-Americanos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário